{"id":3171,"date":"2022-05-10T09:18:40","date_gmt":"2022-05-10T12:18:40","guid":{"rendered":"https:\/\/data.ioda.org.br\/?p=3171"},"modified":"2024-12-09T10:36:31","modified_gmt":"2024-12-09T13:36:31","slug":"prospectando-o-tesouro-dos-antigos-a-utilizacao-de-sistemas-de-inteligencia-artificial-para-exploracao-economica-de-obras-em-dominio-publico","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/data.ioda.org.br\/publicacoes\/artigos\/prospectando-o-tesouro-dos-antigos-a-utilizacao-de-sistemas-de-inteligencia-artificial-para-exploracao-economica-de-obras-em-dominio-publico\/","title":{"rendered":"PROSPECTANDO O TESOURO DOS ANTIGOS: A utiliza\u00e7\u00e3o de sistemas de intelig\u00eancia artificial para explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica de obras em dom\u00ednio p\u00fablico"},"content":{"rendered":"

“Prospectando o Tesouro dos Antigos” investiga a aplica\u00e7\u00e3o de sistemas de intelig\u00eancia artificial na explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica de obras em dom\u00ednio p\u00fablico. O estudo destaca a evolu\u00e7\u00e3o da IA desde suas origens com John McCarthy e Alan Turing, abordando desafios conceituais e as potencialidades das tecnologias inteligentes para gerar valor econ\u00f4mico a partir de recursos hist\u00f3ricos.<\/p>\n

PROSPECTANDO O TESOURO DOS ANTIGOS:<\/b><\/span><\/span><\/p>\n

A utiliza\u00e7\u00e3o de sistemas de intelig\u00eancia artificial para explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica de obras em dom\u00ednio p\u00fablicoi<\/sup><\/a><\/b><\/span><\/span><\/p>\n

Gabriel Silqueira Passarini de Resende<\/strong><\/a>ii<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

1. Hist\u00f3ria e Defini\u00e7\u00e3o da Intelig\u00eancia Artificial<\/strong><\/h2>\n

O termo intelig\u00eancia artificial <\/strong><\/a><\/span><\/span>(IA)<\/span><\/span> \u00e9 atribu\u00eddo por muitos \u00e0 John McCarthy, quem o introduziu na doutrina ainda na d\u00e9cada de 1950, em <\/span><\/span>Dartmouth College<\/i><\/span><\/span>, com base em trabalhos pret\u00e9ritos de mentes brilhantes, como de Alan Turing<\/strong><\/a>.iii<\/sup><\/a> Em breves termos, John McCarthy definiu intelig\u00eancia artificial como \u201ca ci\u00eancia e a engenharia de cria\u00e7\u00e3o de m\u00e1quinas inteligentes, especialmente programas de computador inteligentes\u201d.iv<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

D\u00e9cadas investidas em estudos na \u00e1rea conduziram \u00e0 diferentes propostas de defini\u00e7\u00e3o de \u201cintelig\u00eancia artificial\u201d. Embora distintas, a maioria das concep\u00e7\u00f5es cunhadas convergiram \u00e0 no\u00e7\u00e3o de m\u00e1quinas e programas de computador capazes de ter comportamentos que poderiam ser julgados como \u201cinteligentes\u201d se realizados por seres humanos. Eis que a persistente dificuldade de se encontrar um conceito un\u00edssono para intelig\u00eancia artificial \u00e9 um reflexo da dificuldade de se definir objetivamente a pr\u00f3pria no\u00e7\u00e3o de \u201cintelig\u00eancia\u201d.v<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

A complexidade da mat\u00e9ria faz crer que o campo da intelig\u00eancia artificial consiste em uma novidade, embora n\u00e3o o seja (conforme evidenciado). Ainda assim, \u00e9 not\u00f3ria a \u00eanfase garantida aos sistemas de intelig\u00eancia artificial na atualidade, a qual pode ser justificada a partir de dois importantes movimentos: (i) o recente desenvolvimento da capacidade computacional e da consequente abund\u00e2ncia de dados; e (ii) o reconhecimento da relev\u00e2ncia de regula\u00e7\u00e3o mat\u00e9ria por parte dos legisladores.vi<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

2. Legisla\u00e7\u00e3o e Regulamenta\u00e7\u00e3o da Intelig\u00eancia Artificial<\/strong><\/h2>\n

Considerada a ascendente relev\u00e2ncia da mat\u00e9ria em \u00e2mbito internacional, para al\u00e9m dos desenvolvimentos doutrin\u00e1rios, diversas propostas legislativas objetivaram tutelar a mat\u00e9ria, positivando a no\u00e7\u00e3o de intelig\u00eancia artificial e os conceitos que lhe s\u00e3o correlatos.<\/span><\/span><\/p>\n

A fim de figurar como modelo internacional, a proposta de regulamenta\u00e7\u00e3o desenvolvida pela Uni\u00e3o Europeia definiu os sistemas de intelig\u00eancia artificial como programas de computador desenvolvidos com regras e t\u00e9cnicas taxativas que, a partir de um conjunto de objetivos predefinidos pelo homem, s\u00e3o capazes de gerar resultados como conte\u00fado, previs\u00f5es, recomenda\u00e7\u00f5es ou decis\u00f5es que influenciam os ambientes com os quais interagem.vii<\/sup><\/a> <\/span><\/span><\/p>\n

Sob flagrante influ\u00eancia do diploma Europeu, na forma da Proposta de Lei n\u00ba 21\/2020, o legislador brasileiro buscou definir a intelig\u00eancia artificial como \u201csistema baseado em processo computacional que pode, para um determinado conjunto de objetivos definidos pelo homem, fazer previs\u00f5es e recomenda\u00e7\u00f5es ou tomar decis\u00f5es que influenciam ambientes reais ou virtuais\u201d.viii<\/sup><\/a> <\/span><\/span><\/p>\n

Independentemente das linhas conceituais que venham a vigorar em um futuro pr\u00f3ximo,ix<\/sup><\/a> a preocupa\u00e7\u00e3o de diversos Estados no tocante \u00e0 conforma\u00e7\u00e3o da intelig\u00eancia artificial \u00e0 realidade jur\u00eddica \u00e9 ind\u00edcio suficiente de sua relev\u00e2ncia. N\u00e3o fossem os impactos econ\u00f4micos,x<\/sup><\/a> sociaisxi<\/sup><\/a> e pol\u00edticosxii<\/sup><\/a> da mat\u00e9ria, uma mobiliza\u00e7\u00e3o internacional em prol dos avan\u00e7os legislativos hoje percept\u00edveis seria improv\u00e1vel.<\/span><\/span><\/p>\n

3. Intelig\u00eancia Artificial e Explora\u00e7\u00e3o Econ\u00f4mica de Obras em Dom\u00ednio P\u00fablico<\/strong><\/h2>\n

N\u00e3o impressiona, portanto, que a <\/span><\/span>disrup\u00e7\u00e3o<\/i><\/span><\/span> ocasionada pela intelig\u00eancia artificial esteja alcan\u00e7ando cada vez mais \u00e1reas do conhecimento, a exemplo das ci\u00eancias jur\u00eddicas. A mat\u00e9ria que \u00e9 hoje investigada em interface com as diferentes searas do direito possui extens\u00e3o suficiente para ser objeto de in\u00fameras disserta\u00e7\u00f5es e teses, com diferentes recortes materiais e op\u00e7\u00f5es metodol\u00f3gicas. N\u00e3o seria cr\u00edvel ou academicamente sustent\u00e1vel, portanto, reduzir toda a interdisciplinaridade existente entre a intelig\u00eancia artificial e o direito em um \u00fanico trabalho.<\/span><\/span><\/p>\n

A an\u00e1lise de um \u00fanico reflexo da IA no \u00e2mbito jur\u00eddico, entretanto, \u00e9 objeto poss\u00edvel e suficiente para este brev\u00edssimo ensaio. Isto posto, o presente estudo se volta \u00e0 investiga\u00e7\u00e3o das externalidades oriundas dos sistemas de intelig\u00eancia artificial sobre os ditos direitos de autor.xiii<\/sup><\/a> <\/span><\/span><\/p>\n

Para Oliveira Ascens\u00e3o, os direitos de autor se referem \u00e0 \u00e1rea jur\u00eddica respons\u00e1vel pela tutela da cria\u00e7\u00e3o liter\u00e1ria e art\u00edstica, a qual visa compensar o autor (seu criador) pelo contributo criativo trazido \u00e0 sociedade.xiv<\/sup><\/a> Em ess\u00eancia, os direitos autorais foram concebidos com vistas \u00e0 prote\u00e7\u00e3o dos direitos dos autores sobre as suas obras liter\u00e1rias e art\u00edsticas, as quais compreendem todas as produ\u00e7\u00f5es do dom\u00ednio liter\u00e1rio, cient\u00edfico e art\u00edstico, qualquer que seja o modo por meio do qual \u00e9 expressado.xv<\/sup><\/a> Protege-se, pois, a express\u00e3o, mas n\u00e3o as ideias, os procedimentos, os m\u00e9todos operacionais ou os conceitos matem\u00e1ticos <\/span><\/span>per se<\/i><\/span><\/span>.xvi<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

Embora possa parecer recorte demasiadamente espec\u00edfico para os menos versados na tem\u00e1tica, a interface entre a intelig\u00eancia artificial e os ditos direitos de autor j\u00e1 tem sido objeto de amplo estudo, haja vista a inevit\u00e1vel interse\u00e7\u00e3o entre a \u00e1rea jur\u00eddica respons\u00e1vel pela tutela dos programas de computador e a seara tecnol\u00f3gica em que estes est\u00e3o compreendidos. Nessa linha, sem preju\u00edzo de outros recortes, muito tem se discutido em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 autoria de obras criadas por sistemas de IA,xvii<\/sup><\/a> \u00e0 apreens\u00e3o destas obras pelo dom\u00ednio p\u00fablico,xviii<\/sup><\/a> ao pressuposto da criatividade das IAs,xix<\/sup><\/a> ou \u00e0 sufici\u00eancia dos direitos de autor na tutela de referidas inova\u00e7\u00f5es tecnol\u00f3gicas.xx<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

Pouco tem se dito, contudo, acerca de eventuais formas de explora\u00e7\u00e3o da din\u00e2mica \u201cDA & IA\u201d, inclusive para fins comerciais. \u00c9 sobre <\/span><\/span>uma<\/i><\/span><\/span> destas modalidades de explora\u00e7\u00e3o que o presente ensaio se debru\u00e7a, notadamente sobre <\/span><\/span>a utiliza\u00e7\u00e3o do poder de transforma\u00e7\u00e3o de obras em dom\u00ednio p\u00fablico, por meio de sistemas de intelig\u00eancia artificial, para promo\u00e7\u00e3o de resultados econ\u00f4micos<\/i><\/span><\/span>.<\/span><\/span><\/p>\n

Saliente-se que ainda que a perspectiva a seguir evidenciada possa revelar um uso transverso do sistema, por vezes imoral, trata-se de lacuna jur\u00eddica autoral suficientemente admitida e que deve ser endere\u00e7ada.<\/span><\/span><\/p>\n

Primeiramente, essencial esclarecer que o dom\u00ednio p\u00fablico compreende o lapso temporal em que uma obra intelectual n\u00e3o mais se encontra no \u00e2mbito propriet\u00e1rio exclusivo de seu titular, sentido no qual todos passam a poder utiliz\u00e1-la, prescindindo de qualquer autoriza\u00e7\u00e3o ou remunera\u00e7\u00e3o.xxi<\/sup><\/a> Simplificadamente, o dom\u00ednio p\u00fablico pode ser entendido como a aus\u00eancia de prote\u00e7\u00e3o pelos direitos de autor, em sua concep\u00e7\u00e3o negativa, ou como o espa\u00e7o no qual est\u00e3o inclu\u00eddas as utiliza\u00e7\u00f5es da obra relacionadas ao interesse p\u00fablico, em sua perspectiva positiva.xxii<\/sup><\/a> Nas palavras do saudoso Denis Borges Barbosa, \u201co ingresso no dom\u00ednio p\u00fablico em cada sistema jur\u00eddico \u00e9 incondicional, universal e definitivo; a cria\u00e7\u00e3o passa a ser comum de todos, e todos t\u00eam o direito de mant\u00ea-la em comunh\u00e3o, impedindo a apropria\u00e7\u00e3o singular.\u201dxxiii<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

Uma vez em dom\u00ednio p\u00fablico, respeitados os direitos morais de paternidade e de integridade da obra, qualquer um do povo pode se valer da obra sem a autoriza\u00e7\u00e3o pr\u00e9via e expressa do autor ou do titular dos respectivos direitos patrimoniais, inclusive para fins de transforma\u00e7\u00e3o do objeto.xxiv<\/sup><\/a> Independem de quaisquer outorgas, portanto, o exerc\u00edcio do poder de transforma\u00e7\u00e3o da obra, que pode ser sumarizado como \u201ca cria\u00e7\u00e3o de uma obra original, mas que parte da ess\u00eancia criadora de uma obra preexistente\u201dxxv<\/sup><\/a> e que compreende a faculdade de <\/span><\/span>tradu\u00e7\u00e3o<\/i><\/span><\/span> da obra liter\u00e1ria.<\/span><\/span><\/p>\n

Neste ponto, essencial verificar que s\u00e3o obras intelectuais pass\u00edveis de prote\u00e7\u00e3o pelo direito de autor as adapta\u00e7\u00f5es, tradu\u00e7\u00f5es e outras transforma\u00e7\u00f5es de obras originais, apresentadas como cria\u00e7\u00e3o intelectual nova.xxvi<\/sup><\/a> Isso significa dizer que a autoriza\u00e7\u00e3o de transforma\u00e7\u00e3o de uma obra protegida goza da potencialidade de originar uma nova obra aut\u00f4noma, pass\u00edvel de explora\u00e7\u00e3o pelo terceiro agraciado com o direito. <\/span><\/span><\/p>\n

Em se tratando de uma obra em dom\u00ednio p\u00fablico (n\u00e3o mais protegida pelo regime patrimonial autoral), ainda que os limites dos j\u00e1 mencionados direitos morais devam persistir,xxvii<\/sup><\/a> o exerc\u00edcio do poder de transforma\u00e7\u00e3o da obra por meio de uma tradu\u00e7\u00e3o possui o cond\u00e3o de dar g\u00eanese a obra original, ainda que com base em obra preexistente, sem necessitar de qualquer autoriza\u00e7\u00e3o pret\u00e9rita. Por outro lado, a tradu\u00e7\u00e3o passa a ser, <\/span><\/span>per se<\/i><\/span><\/span>, uma obra protegida, n\u00e3o sendo cab\u00edvel a sua explora\u00e7\u00e3o sem a devida autoriza\u00e7\u00e3o do titular da tradu\u00e7\u00e3o, ressalvadas as exce\u00e7\u00f5es legais.xxviii<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

Esta perspectiva \u00e9 suficientemente interessante \u00e0 interface existente entre os direitos de autor e a intelig\u00eancia artificial na exata medida em que contribuiu para a automatiza\u00e7\u00e3o da explora\u00e7\u00e3o transformativa de obras liter\u00e1rias por meio da tradu\u00e7\u00e3o. Em estreita s\u00edntese, anteriormente \u00e0 informatiza\u00e7\u00e3o da sociedade a capacidade de se traduzir textos era limitada aos mais eruditos dos homens, notadamente aqueles que gozavam de tempo e recursos suficientes para o aprendizado de l\u00ednguas estrangeiras e para a pr\u00e1tica da escrita.<\/span><\/span><\/p>\n

A partir da larga amplia\u00e7\u00e3o do acesso \u00e0 informa\u00e7\u00e3o e da disponibiliza\u00e7\u00e3o digital de ferramentas de tradu\u00e7\u00e3o, o ato de se traduzir um texto alcan\u00e7ou outra dimens\u00e3o e adquiriu outro sentido. Hoje, com poucos toques na tela de um <\/span><\/span>smartphone<\/i><\/span><\/span>, qualquer usu\u00e1rio \u00e9 capaz de obter um texto traduzido \u201cpor conta pr\u00f3pria\u201d, em diversas l\u00ednguas e at\u00e9 por meio de diferentes express\u00f5es (escrita, sonora etc.).<\/span><\/span><\/p>\n

Por de traz das ferramentas de tradu\u00e7\u00e3o hoje existentes, redes neurais artificiais v\u00eam sendo utilizadas para traduzir de forma autom\u00e1tica textos e at\u00e9 a \u00edntegra de documentos digitais em poucos segundos. Erigindo por excel\u00eancia o exemplo do Tradutor <\/span><\/span>DeepL<\/i><\/span><\/span>, o pleno funcionamento deste aplaudido sistema baseado em intelig\u00eancia artificial se sustenta na utiliza\u00e7\u00e3o de uma arquitetura de rede chamada <\/span><\/span>Transformer <\/i><\/span><\/span>alinhada \u00e0 explora\u00e7\u00e3o de t\u00e9cnicas de treinamento de <\/span><\/span>Machine Learning<\/i><\/span><\/span> sobre milh\u00f5es de textos previamente traduzidos.xxix<\/sup><\/a> <\/span><\/span><\/p>\n

A funcionalidade impressiona pela precis\u00e3o das tradu\u00e7\u00f5es disponibilizadas de forma gramaticalmente coesa, com erros que \u2013 quando existentes \u2013 se revelam como pontuais. Insta salientar que a empresa respons\u00e1vel pelo Tradutor DeepL \u00e9 expressa em seus Termos e Condi\u00e7\u00f5es no que concerne \u00e0 titularidade do usu\u00e1rio do sistema sobre as tradu\u00e7\u00f5es, n\u00e3o sendo preservados quaisquer direitos de autor sobre o conte\u00fado transformado.xxx<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

Resta saber, contudo, qual a rela\u00e7\u00e3o existente entre um tradutor automatizado cujo m\u00e9rito se encontra na utiliza\u00e7\u00e3o de sistemas de intelig\u00eancia artificial e a explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica de obras intelectuais que j\u00e1 se encontram em dom\u00ednio p\u00fablico.<\/span><\/span><\/p>\n

Em estreita s\u00edntese, n\u00e3o objetivando esgotar a mat\u00e9ria, diversas bases de dados hoje existentes disponibilizam o acesso gratuito e sistematizado ao teor de obras cujos prazos de prote\u00e7\u00e3o jur\u00eddica j\u00e1 encontraram o seu termo final.xxxi<\/sup><\/a> Uma vez identificada uma obra de interesse, o seu teor pode ser amplamente acessado e livremente copiado, tendo em vista a inexist\u00eancia de direitos patrimoniais de autor vigentes sobre ela. <\/span><\/span><\/p>\n

A partir da reprodu\u00e7\u00e3o do teor da obra em uma das ferramentas de tradu\u00e7\u00e3o automatizada que s\u00e3o baseadas em intelig\u00eancias artificiais, uma nova obra intelectual \u00e9 produzida, cumprindo sua titularidade ao utilizador,xxxii<\/sup><\/a> sem preju\u00edzo da indica\u00e7\u00e3o de autoria da obra autoral, em respeito ao j\u00e1 mencionado direito de paternidade.<\/span><\/span><\/p>\n

De certo, \u00e9 poss\u00edvel sustentar que o elemento da criatividade ou da originalidade (essencial \u00e0 tutela autoral de obras intelectuais)xxxiii<\/sup><\/a> far-se-\u00e1 ausente em situa\u00e7\u00f5es como esta, de modo a afastar a prote\u00e7\u00e3o jur\u00eddica da obra. Por outro lado, quem contestar\u00e1 a metodologia utilizada na tradu\u00e7\u00e3o destas obras? Mais al\u00e9m, nas hip\u00f3teses em que o utilizador tiver o cuidado de proceder \u00e0 corre\u00e7\u00e3o das falhas do sistema de IA por meio da adequa\u00e7\u00e3o das palavras, ora\u00e7\u00f5es e per\u00edodos traduzidos, poder-se-\u00e1 falar em um contributo criativo suficiente \u00e0 prote\u00e7\u00e3o da obra? <\/span><\/span><\/p>\n

A aus\u00eancia de tutela espec\u00edfica acerca da tem\u00e1tica constitui \u00e1rea cinzenta que pode, <\/span><\/span>per se<\/i><\/span><\/span>, constituir objeto de trabalhos futuros. Importa aqui consignar que eventual aus\u00eancia de criatividade ou originalidade da tradu\u00e7\u00e3o n\u00e3o impede a explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica da obra, tendo em vista que o aludido uso transformativo \u00e9 presumidamente protegido pela legisla\u00e7\u00e3o vigente.<\/span><\/span><\/p>\n

Antes de prosseguir, no tocante ao m\u00e9rito da utiliza\u00e7\u00e3o de bases de dados de obras em dom\u00ednio p\u00fablico, duas importantes considera\u00e7\u00f5es devem ser estabelecidas: (i) a grande maioria das obras disponibilizadas e acess\u00edveis por qualquer um do povo se encontram no vern\u00e1culo ingl\u00eas; e consequentemente, (ii) a maioria das obras dispon\u00edveis est\u00e3o submetidas ao regime do <\/span><\/span>copyright<\/i><\/span><\/span> estadunidense, referente \u00e0 tradi\u00e7\u00e3o jur\u00eddica de <\/span><\/span>common law<\/i><\/span><\/span>.<\/span><\/span><\/p>\n

O fato de as obras serem disponibilizadas apenas em ingl\u00eas \u00e9 especialmente importante na medida em que muitas delas consistem em <\/span><\/span>tradu\u00e7\u00f5es que j\u00e1 se encontram em dom\u00ednio p\u00fablico<\/i><\/span><\/span>. Isso significa dizer que as obras originais traduzidas foram por muitas vezes disponibilizadas em tempos ainda mais remotos em idiomas diversos, por vezes em l\u00ednguas j\u00e1 em desuso, como o latim, o aramaico ou o grego antigo.<\/span><\/span><\/p>\n

A ent\u00e3o prote\u00e7\u00e3o patrimonial pelo regime do <\/span><\/span>copyright <\/i><\/span><\/span>norte-americano, por sua vez, \u00e9 relevante sob a perspectiva do per\u00edodo de prote\u00e7\u00e3o conferido \u00e0s obras. Em cotejo com o Brasil, que confere a prote\u00e7\u00e3o de 70 (setenta) anos sobre uma obra intelectual, os Estados Unidos da Am\u00e9rica conferem a tutela jur\u00eddica por 2 (duas) d\u00e9cadas a menos, facultando aos autores a aludida prote\u00e7\u00e3o por apenas 50 (cinquenta) anos.<\/span><\/span><\/p>\n

Nessa linha, os cuidados a serem tomados por meio da explora\u00e7\u00e3o ora proposta dizem respeito: \u00e0 (i) confirma\u00e7\u00e3o de que a tradu\u00e7\u00e3o utilizada (quando for o caso) j\u00e1 se encontra em dom\u00ednio p\u00fablico; e \u00e0 (ii) confirma\u00e7\u00e3o de que as obras utilizadas para tradu\u00e7\u00e3o j\u00e1 se encontram em dom\u00ednio p\u00fablico no territ\u00f3rio em que sua explora\u00e7\u00e3o se d\u00e1, tendo em vista a possibilidade de, por um lapso de at\u00e9 20 (vinte) anos, direitos de terceiros titulares serem ilegitimamente utilizados em determinado pa\u00eds.<\/span><\/span><\/p>\n

Uma vez tomadas as provid\u00eancias necess\u00e1rias a partir das peculiaridades existentes pelo manejo de obras tuteladas sob diferentes regimes jur\u00eddicos, poss\u00edvel tecer breves considera\u00e7\u00f5es acerca da explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica da obra. Eis que outrora, publicar livros era tarefa verdadeiramente dispendiosa e dependente do interm\u00e9dio de editoras, as quais detinham os meios de produ\u00e7\u00e3o e das t\u00e9cnicas necess\u00e1rias \u00e0 express\u00e3o da obra por meio de um suporte impresso. As editoras eram essenciais, ainda, na divulga\u00e7\u00e3o da obra em meio a sociedade, alavancando sua aquisi\u00e7\u00e3o. Hoje a realidade n\u00e3o poderia ser mais diferente.<\/span><\/span><\/p>\n

Por meio de plataformas como o <\/span><\/span>Kindle Direct Publishing<\/i><\/span><\/span>, \u00e9 poss\u00edvel que qualquer usu\u00e1rio publique livros de forma gratuita, em quest\u00e3o de minutos, disponibilizando a obra para a aquisi\u00e7\u00e3o de terceiros em rede internacional em at\u00e9 48 (quarenta e oito) horas. Por meio deste sistema, a <\/span><\/span>Amazon<\/i><\/span><\/span>, empresa respons\u00e1vel pela plataforma, garante aos titulares dos direitos patrimoniais sobre a obra publicada at\u00e9 70% de royalties sobre a venda.xxxiv<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

Cumpre ressaltar que em se tratando de obras em dom\u00ednio p\u00fablico, a <\/span><\/span>Amazon<\/i><\/span><\/span> \u00e9 expressa ao permitir a publica\u00e7\u00e3o de obras desta natureza. Sem preju\u00edzo, a empresa se resguarda no direito de recusar a publica\u00e7\u00e3o de trabalhos j\u00e1 disponibilizados por meio de seu programa ou por outros sites de varejo. Fato \u00e9 que obras consideradas exclusivas s\u00e3o pass\u00edveis de ser suficientemente \u00fanicas para publica\u00e7\u00e3o. S\u00e3o exclusivas, nesse sentido, obras que consistam em <\/span><\/span>tradu\u00e7\u00f5es exclusivas<\/i><\/span><\/span>, obras com anota\u00e7\u00f5es adicionais e\/ou obras com 10 (dez) ou mais ilustra\u00e7\u00f5es exclusivas e pertinentes ao conte\u00fado da obra.xxxv<\/sup><\/a><\/span><\/span><\/p>\n

Conclusivamente, sendo a tradu\u00e7\u00e3o de uma obra em dom\u00ednio p\u00fablico por meio de um sistema baseado em sistemas de IA, sua publica\u00e7\u00e3o gratuita por meio de plataformas como a referida se torna poss\u00edvel, desde que seja o referido uso transformativo exclusivo. Sem preju\u00edzo, ainda que assim n\u00e3o seja, a publica\u00e7\u00e3o direta e comercializa\u00e7\u00e3o da obra em rede se tornar\u00e1 poss\u00edvel a partir do acr\u00e9scimo de breves notas ou de uma dezena de ilustra\u00e7\u00f5es relevantes.<\/span><\/span><\/p>\n

Seja esta pr\u00e1tica percebida como uma estrat\u00e9gia comercial genial e \u201cfora da caixa\u201d ou como um uso transverso e lacunoso do sistema, o m\u00e9todo apresentado n\u00e3o constitui qualquer segredo de neg\u00f3cio e j\u00e1 v\u00eam sendo amplamente utilizado internacionalmente para se auferir lucros a partir de investimentos financeiros, temporais e intelectuais irris\u00f3rios.<\/span><\/span><\/p>\n

REFER\u00caNCIAS<\/b><\/span><\/span><\/p>\n

AMAZON. <\/span><\/span>Publicando conte\u00fado em dom\u00ednio p\u00fablico. <\/b><\/span><\/span>Kindle Direct Publishing<\/b><\/i><\/span><\/span><\/span>. [S.l], 2022?. <\/span><\/span><\/span>Dispon\u00edvel em: https:\/\/kdp.amazon.com\/pt_BR\/help\/topic\/G200743940. Acesso em: 27 de janeiro de 2022. <\/span><\/span><\/p>\n

AMAZON. <\/span><\/span>Publique voc\u00ea mesmo eBooks e livros com capa comum sem pagar nada com o Kindle Direct Publishing e alcance milh\u00f5es de leitores na Amazon<\/b><\/span><\/span>. <\/span><\/span>Kindle Direct Publishing<\/i><\/span><\/span>. [S.l], 2022? Dispon\u00edvel em: https:\/\/kdp.amazon.com\/pt_BR\/. Acesso em 27 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

ASCENS\u00c3O, Jos\u00e9 de Oliveira. <\/span><\/span>Direito Autoral<\/b><\/span><\/span>. 2. ed., ref. e ampl., Rio de Janeiro: Renovar, 1997.<\/span><\/span><\/p>\n

BARBOSA, Denis Borges. <\/span><\/span>Inconstitucionalidade das patentes pipeline<\/b><\/span><\/span>. <\/span><\/span>Revista da ABPI<\/i><\/span><\/span>, n. 83, p. 3-39, 2006. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.dbba.com.br\/wp-content\/uploads\/a-inconstitucionalidade-da-patente-pipeline-2006.pdf. Acesso em 26 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

BRASIL. C\u00e2mara dos Deputados. <\/span><\/span>Projeto de Lei n\u00ba 21\/20, de 04 de fevereiro de 2020<\/b><\/span><\/span>. Estabelece princ\u00edpios, direitos e deveres para o uso de intelig\u00eancia artificial no Brasil, e d\u00e1 outras provid\u00eancias, 2020. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.camara.leg.br\/proposicoesWeb\/prop_mostrarintegra?codteor=1853928. Acesso em: 24 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

BRASIL. <\/span><\/span>Lei 9.610, de 16 de fevereiro de 1998<\/b><\/span><\/span>. Altera, atualiza e consolida a legisla\u00e7\u00e3o sobre direitos autorais e d\u00e1 outras provid\u00eancias. Bras\u00edlia, DF, Di\u00e1rio Oficial da Uni\u00e3o de 20 de fevereiro de 1998.<\/span><\/span><\/p>\n

CALO, Ryan. <\/span><\/span><\/span>Artificial Intelligence policy: a primer and roadmap<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>UC Davis Law Review., v. 51, p. 399-435, 2017. Dispon\u00edvel em: https:\/\/ssrn.com\/abstract=3015350 or http:\/\/dx.doi.org\/10.2139\/ssrn.3015350. Acesso em: 24 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

DEEPL TRADUTOR. <\/span><\/span>Como funciona o DeepL?<\/b><\/span><\/span>. [S.l], 31 de outubro de 2021. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.deepl.com\/pt-BR\/blog\/how-does-deepl-work. <\/span><\/span>Acesso em 26 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/span><\/p>\n

EUROPEAN COMISSION. <\/span><\/span><\/span>Proposal for Regulation of The European Parliament and of the Council LLaying Down Hamonised Rules on Artificial Intelligence (Artificial Intelligence Act) and Amending Certain Union Legislative Acts, COM (2021) 206 Final, 2021\/0106 (COD)<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>Bruxelas, 2021. Dispon\u00edvel em: https:\/\/eur-lex.europa.eu\/legal-content\/EN\/TXT\/?uri=CELEX%3A52021PC0206. Acesso em: 24 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

GON\u00c7ALVES, Lukas; LANA, Pedro. <\/span><\/span><\/span>A autoria de obras tutel\u00e1veis pelo direito autoral por aplica\u00e7\u00f5es de intelig\u00eancia artificial no direito brasileiro e portugu\u00eas<\/b><\/span><\/span><\/span>. PEREIRA, Alexandre Lib\u00f3rio Dias; WACHOWICZ, Marcos; LANA, Pedro de Perdig\u00e3o (Coord).\u00a0<\/span><\/span><\/span>Novos direitos intelectuais: Estudos luso-brasileiros sobre propriedade intelectual, inova\u00e7\u00e3o e tecnologia, <\/i><\/span><\/span><\/span>Curitiba: Gedai, 2019.<\/span><\/span><\/p>\n

HAGERTY, Alexa; RUBINOV, Igor. <\/span><\/span><\/span>Global AI ethics: a review of the social impacts and ethical implications of artificial intelligence<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>Cornell University, arXiv preprint arXiv: 1907.07892, 2019. Dispon\u00edvel em: https:\/\/arxiv.org\/abs\/1907.07892. Acesso em: 25 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

<\/a> KAPLAN, Jerry. <\/span><\/span><\/span>Artificial Intelligence: What everyone needs to know<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>Oxford: Oxford University Press, 2016.<\/span><\/span><\/p>\n

LANA, Pedro. <\/span><\/span>Intelig\u00eancia Artificial e Autoria: Quest\u00f5es de Direito de Autor e Dom\u00ednio P\u00fablico<\/b><\/span><\/span>. Curitiba: IODA, 2021.<\/span><\/span><\/p>\n

MCCARTHY, John. <\/span><\/span><\/span>What is Artificial Intelligence?<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>Stanford, Stanford University, 1998. Texto revisado em 12 de novembro de 2007. Dispon\u00edvel em: http:\/\/www-formal.stanford.edu\/jmc\/whatisai.pdf. Acesso em: 24 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

<\/a> MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE. <\/span><\/span><\/span>Notes from the AI frontier \u2013 Modeling the impact of AI on the world economy, discussion paper<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>2018. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.mckinsey.com\/featured-insights\/artificial-intelligence\/notes-from-the-ai-frontier-modeling-the-impact-of-ai-on-the-world-economy. Acesso em 25 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

SCHIRRU, Luca. <\/span><\/span>Direito autoral e intelig\u00eancia artificial: autoria e titularidade nos produtos da IA<\/b><\/span><\/span>. Tese de Doutorado elaborada sob a orienta\u00e7\u00e3o de Allan Rocha de Souza e defendida perante a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Economia, Programa de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Pol\u00edticas P\u00fablicas, Estrat\u00e9gias e Desenvolvimento, 2020.<\/span><\/span><\/p>\n

SCHIRRU, Luca. <\/span><\/span>Intelig\u00eancia artificial e o direito autoral: o dom\u00ednio p\u00fablico em perspectiva<\/b><\/span><\/span>. Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITSRIO), 2019. Dispon\u00edvel em: https:\/\/itsrio.org\/wp-content\/uploads\/2019\/04\/Luca-Schirru-rev2-1.pdf. Acesso em 26 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

STONE, Peter et al. <\/span><\/span><\/span>Artificial intelligence and life in 2030: one-hundred-year study on artificial intelligence<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>Relat\u00f3rio do Painel de Estudo 50\/2015. 2016. Dispon\u00edvel em: https:\/\/apo.org.au\/sites\/default\/files\/resource-files\/2016-09\/apo-nid210721.pdf. Acesso em: 24 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

SZCZEP\u00c1NSKI, Marcin. <\/span><\/span><\/span>Economic impacts of artificial intelligence (AI)<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>EPRS – European Parliamentary Research Service, 2019. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.europarl.europa.eu\/RegData\/etudes\/BRIE\/2019\/637967\/EPRS_BRI(2019)637967_EN.pdf. Acesso em 25 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

UNVER, Hamid Akin. <\/span><\/span><\/span>Artificial Intelligence,<\/b><\/span><\/span><\/span> Authoritarianism and the Future of Political Systems<\/b><\/span><\/span><\/span>. <\/span><\/span><\/span>EDAM Research Reports, 2018. Dispon\u00edvel em: https:\/\/ssrn.com\/abstract=3331635. Acesso em: 25 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

WACHOWICZ, Marcos. <\/span><\/span>Direitos autorais e o dom\u00ednio p\u00fablico da informa\u00e7\u00e3o<\/b><\/span><\/span>. SANTOS, Manoel J. Pereira dos (Coord.). <\/span><\/span>Direito de autor e direitos fundamentais<\/i><\/span><\/span>. S\u00e3o Paulo: Saraiva, 2011. Dispon\u00edvel em: http:\/\/www.gedai.com.br\/wp-content\/uploads\/2014\/09\/artigo-direitos_autorais_e_a_informacao-1.pdf. Acesso em: 26 de janeiro de 2022.<\/span><\/span><\/p>\n

WACHOWICZ, Marcos; GON\u00c7ALVES, Lukas Rathes. <\/span><\/span>Intelig\u00eancia artificial e criatividade: novos conceitos na propriedade intelectual<\/b><\/span><\/span>. <\/span><\/span>Curitiba: Gedai, 2019.<\/span><\/span><\/span><\/p>\n

WIPO – WORLD INTELLECTUAL PROPERTY ORGANIZATION. <\/span><\/span><\/span>Berne Convention for the Protection of Literary and Artistic Works<\/b><\/span><\/span><\/span>. Genev, 1886, as amended on September 28, 1979.<\/span><\/span><\/span><\/p>\n

WIPO – WORLD INTELLECTUAL PROPERTY ORGANIZATION. WIPO <\/span><\/span><\/span>Copyright Treaty (WCT)<\/b><\/span><\/span><\/span>. Genev, 1996.<\/span><\/span><\/span><\/p>\n

\n

i<\/a> Trabalho acad\u00eamico produzido como condi\u00e7\u00e3o para a conclus\u00e3o do Curso de Direito Autoral & Intelig\u00eancia Artificial, promovido pelo Instituto Observat\u00f3rio do Direito Autoral, entre os meses de novembro de 2021 e janeiro de 2022. <\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

ii<\/a> Mestrando em Direito e Ci\u00eancia Jur\u00eddica, na especialidade de Direito Intelectual, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL); P\u00f3s-graduando em Direito da Propriedade Intelectual pela Pontif\u00edcia Universidade Cat\u00f3lica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

iii<\/a> STONE, Peter et al. Artificial intelligence and life in 2030: one-hundred-year study on artificial intelligence. <\/span><\/span>Relat\u00f3rio do Painel de Estudo 50\/2015. 2016.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

iv<\/a> MCCARTHY, John. What is Artificial Intelligence?. <\/span><\/span><\/span>Stanford, Stanford University, 1998. Texto revisado em 12 de novembro de 2007, p. 2.<\/span><\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

v<\/a> KAPLAN, Jerry. Artificial Intelligence: What everyone needs to know. Oxford: Oxford University Press, 2016.<\/span><\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

vi<\/a> CALO, Ryan. Artificial Intelligence policy: a primer and roadmap. UC Davis Law Review., v. 51, p. 399-435, 2017.<\/span><\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

vii<\/a> EUROPEAN COMISSION. <\/span><\/span>Proposal for Regulation of The European Parliament and of the Council LLaying Down Hamonised Rules on Artificial Intelligence (Artificial Intelligence Act) and Amending Certain Union Legislative Acts, COM (2021) 206 Final, 2021\/0106 (COD). <\/span><\/span>Bruxelas, 2021.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

viii<\/a> BRASIL. C\u00e2mara dos Deputados. Projeto de Lei n\u00ba 21\/20, de 04 de fevereiro de 2020. Estabelece princ\u00edpios, direitos e deveres para o uso de intelig\u00eancia artificial no Brasil, e d\u00e1 outras provid\u00eancias, 2020.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

ix<\/a> Diz-se em um futuro pr\u00f3ximo em refer\u00eancia aos conceitos de intelig\u00eancia artificial que ser\u00e3o positivados a partir da vota\u00e7\u00e3o das propostas apresentadas no \u00e2mbito comunit\u00e1rio da Uni\u00e3o Europeia e no Brasil, culminando em textos definitivos acerca da mat\u00e9ria.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

x<\/a> Os sistemas de IA podem contribuir cabalmente para a atividade econ\u00f4mica global. Calcula-se que a tecnologia tem a potencialidade de agregar ao crescimento econ\u00f4mico cerca de 13 trilh\u00f5es de d\u00f3lares at\u00e9 2030, impulsionando o PIB global em cerca de 1,2 por cento ao ano.Cf. MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE, Notes from the AI frontier \u2013 Modeling the impact of AI on the world economy, discussion paper. <\/span>2018.; e SZCZEP\u00c1NSKI, Marcin. Economic impacts of artificial intelligence (AI). EPRS – European Parliamentary Research Service, 2019. <\/span><\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xi<\/a> Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos da Am\u00e9rica revelaram que sistemas de IA s\u00e3o capazes de dividir a sociedade e agravar desigualdades, principalmente em grupos historicamente marginalizados grupos. Pa\u00edses de m\u00e9dia e baixa rendam apresentaram maior vulnerabilidade aos impactos negativos da intelig\u00eancia artificial e menos aptid\u00e3o no aproveitamento dos resultados positivos. <\/span>Cf. HAGERTY, Alexa; RUBINOV, Igor. Global AI ethics: a review of the social impacts and ethical implications of artificial intelligence. <\/span><\/span>Cornell University, arXiv preprint arXiv: 1907.07892, 2019.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xii<\/a> As sociedades est\u00e3o experimentando cada vez mais os efeitos da automa\u00e7\u00e3o em larga escala, mesmo contra sua vontade e consci\u00eancia. Essa realidade se estende \u00e0 pol\u00edtica, \u00e0s elei\u00e7\u00f5es, \u00e0 tomada de decis\u00f5es, bem como \u00e0 quest\u00f5es atinentes \u00e0 cidadania, aspectos cada vez mais impulsionados pela automa\u00e7\u00e3o e por sistemas algor\u00edtmicos em diferentes n\u00edveis sist\u00eamicos. <\/span>Cf. UNVER, Hamid Akin. Artificial Intelligence, Authoritarianism and the Future of Political Systems. <\/span><\/span>EDAM Research Reports, 2018.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xiii<\/a> Aqui adotado como g\u00eanero, enquanto sin\u00f4nimo de direitos autorais.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xiv<\/a> ASCENS\u00c3O, Jos\u00e9 de Oliveira. Direito Autoral. 2. ed., ref. e ampl., Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p. 3.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xv<\/a> Ver Artigos 1 e 2 da Conven\u00e7\u00e3o de Berna. <\/span>Cf. WIPO – WORLD INTELLECTUAL PROPERTY ORGANIZATION. Berne Convention for the Protection of Literary and Artistic Works. <\/span><\/span>Genev, 1886, as amended on September 28, 1979<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xvi<\/a> Ver Artigo 2 do Tratado da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Propriedade Intelectual sobre Direito de Autor. <\/span>Cf. WIPO – WORLD INTELLECTUAL PROPERTY ORGANIZATION. WIPO Copyright Treaty (WCT). <\/span><\/span>Genev, 1996.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xvii<\/a> Para aprofundamento na tem\u00e1tica, sugere-se a leitura de SCHIRRU, Luca. Direito autoral e intelig\u00eancia artificial: autoria e titularidade nos produtos da IA. Tese de Doutorado elaborada sob a orienta\u00e7\u00e3o de Allan Rocha de Souza e defendida perante a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Economia, Programa de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Pol\u00edticas P\u00fablicas, Estrat\u00e9gias e Desenvolvimento, 2020; LANA, Pedro. Intelig\u00eancia Artificial e Autoria: Quest\u00f5es de Direito de Autor e Dom\u00ednio P\u00fablico. Curitiba: IODA, 2021.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xviii<\/a> Sobre este tema \u00e9 sugerida a leitura de SCHIRRU, Luca. Intelig\u00eancia artificial e o direito autoral: o dom\u00ednio p\u00fablico em perspectiva. Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITSRIO), 2019; e LANA, Pedro. Intelig\u00eancia Artificial e Autoria: Quest\u00f5es de Direito de Autor e Dom\u00ednio P\u00fablico. Curitiba: IODA, 2021.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xix<\/a> Acerca da tem\u00e1tica, ver WACHOWICZ, Marcos; GON\u00c7ALVES, Lukas Rathes. Intelig\u00eancia artificial e criatividade: novos conceitos na propriedade intelectual. Curitiba: Gedai, 2019.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xx<\/a> Cf. SCHIRRU, Luca. Direito autoral e intelig\u00eancia artificial: autoria e titularidade nos produtos da IA. Tese de Doutorado elaborada sob a orienta\u00e7\u00e3o de Allan Rocha de Souza e defendida perante a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Economia, Programa de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Pol\u00edticas P\u00fablicas, Estrat\u00e9gias e Desenvolvimento, 2020, p. 131.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxi<\/a> WACHOWICZ, Marcos. Direitos autorais e o dom\u00ednio p\u00fablico da informa\u00e7\u00e3o. SANTOS, Manoel J. Pereira dos (Coord.). <\/span>Direito de autor e direitos fundamentais<\/i><\/span>. S\u00e3o Paulo: Saraiva, 2011, p. 16.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxii<\/a> LANA, Pedro. Intelig\u00eancia Artificial e Autoria: Quest\u00f5es de Direito de Autor e Dom\u00ednio. Curitiba: IODA, 2021, p. 56-57.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxiii<\/a> BARBOSA, Denis Borges. Inconstitucionalidade das patentes pipeline. Revista da ABPI, n. 83, p. 3-39, 2006, p. 23.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxiv<\/a> Ver Art. 29, inciso III da Lei 9.610\/1998 (\u201cLei de Direitos Autorais\u201d).<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxv<\/a> ASCENS\u00c3O, op. cit., p. 177.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxvi<\/a> Ver Art. 7\u00ba, inciso XI da Lei de Direitos Autorais.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxvii<\/a> Na forma do Art. 27 da Lei de Direitos Autorais, \u201cOs direitos morais do autor s\u00e3o inalien\u00e1veis e irrenunci\u00e1veis\u201d, sentido no qual devem ser observados ainda sobre obras abrangidas pelo dom\u00ednio p\u00fablico.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxviii<\/a> No tocante \u00e0s limita\u00e7\u00f5es legislativas ao exerc\u00edcio dos direitos aqui discutidos, verificar os Art. 46 da Lei de Direitos Autorais.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxix<\/a> DEEPL TRADUTOR. Como funciona o DeepL?. [S.l] 31 de outubro de 2021. Dispon\u00edvel em: https:\/\/www.deepl.com\/pt-BR\/blog\/how-does-deepl-work. Acesso em 26 de janeiro de 2022.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxx<\/a> LANA, op. cit., p. 141.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxxi<\/a> Trata-se de sites que n\u00e3o apenas garantem o pleno acesso a obras em dom\u00ednio p\u00fablico como, por vezes, s\u00e3o claros em evidenciar a possibilidade de explora\u00e7\u00e3o dos materiais ali constantes para fins comerciais. Destacam-se neste m\u00e9rito as ferramentas <\/span>Project Gutemberg<\/i><\/span>, <\/span>Hathi Trust Digital Library<\/i><\/span> e <\/span>Google Book Search<\/i><\/span>.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxxii<\/a> Partindo-se da l\u00f3gica de ren\u00fancia expressa \u00e0 titularidade sobre quaisquer direitos de autor, como o faz a mencionada DeepL.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxxiii<\/a> Sobre a essencialidade da criatividade ou originalidade ver ASCENS\u00c3O, op. cit., p. 50-51.<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxxiv<\/a> AMAZON. Publique voc\u00ea mesmo eBooks e livros com capa comum sem pagar nada com o Kindle Direct Publishing e alcance milh\u00f5es de leitores na Amazon. Kindle Direct Publishing. [S.l].<\/span><\/p>\n<\/div>\n

\n

xxxv<\/a> AMAZON. Publicando conte\u00fado em dom\u00ednio p\u00fablico. <\/span>Kindle Direct Publishing. [S.l], 2022?.<\/span><\/span><\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

“Prospectando o Tesouro dos Antigos” investiga a aplica\u00e7\u00e3o de sistemas de intelig\u00eancia artificial na explora\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica de obras em dom\u00ednio p\u00fablico. O estudo destaca a evolu\u00e7\u00e3o da IA desde suas origens com John McCarthy e Alan Turing, abordando desafios conceituais e as potencialidades das tecnologias inteligentes para gerar valor econ\u00f4mico a partir de recursos hist\u00f3ricos. […]<\/p>\n","protected":false},"author":34,"featured_media":3172,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[56],"tags":[894,900,898,897,895,902,14,901,892,22,893,899,368,774,896],"class_list":["post-3171","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-artigos","tag-alan-turing","tag-aplicacao-economica","tag-ciencia-e-engenharia","tag-comportamento-inteligente","tag-definicao-de-ia","tag-desafios-conceituais","tag-dominio-publico","tag-evolucao-historica","tag-exploracao-economica","tag-inteligencia-artificial","tag-john-mccarthy","tag-obras-antigas","tag-programas-de-computador","tag-sistemas-inteligentes","tag-tecnologias-avancadas"],"acf":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/posts\/3171","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/users\/34"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/comments?post=3171"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/posts\/3171\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/media\/3172"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/media?parent=3171"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/categories?post=3171"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/data.ioda.org.br\/json\/wp\/v2\/tags?post=3171"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}